terça-feira, 27 de março de 2012

Parceria com Gleison Nascimento

Nos "asseguires" segue uma parceria incidental minha e do Poeta Gleison Nascimento, nascida de uma décima de 11 sílabas que fiz e o Poeta seguiu nesse meu mote.

MOTE:
"E lá se perdeu outra quase que Santa...
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar"





Jessé Costa:
No dia que deu por gostar de Leléu,
Tereza de Joca perdeu-se na vida;
Vestiu um vestido, se fez esculpida
Soltou seus cabelos, ficou um pitéu;
Querendo o pecado, esqueceu-se do céu
Chegou em Leléu e danou-lhe um olhar
Que (Vixe Maria!) Leléu sem piscar
Sumiu com Tereza detrás duma planta
E lá se perdeu outra quase que Santa...
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Gleison Nascimento:

Mocinha de Tana, mulher de respeito
daquelas que dá muito gosto de ver.
Perdeu-se na vida após conhecer
Birinha-Bidóga, malandro suspeito.
Birinha meteu logo a mão em seu peito,
pegou-lhe de jeito, capaz de torar,
deu beijo de boca, levou pra jantar,
depois a Mocinha é que foi sua janta
e lá se perdeu outra quase que Santa...
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Jessé Costa:

Cremilda Lindóia tão linda e tão pura
Cabaça zerada, carola de igreja
Bebeu só um gole de uma cerveja
E pronto! Bastou, foi grande a loucura:
Cremilda botou uma mão na cintura
A outra no quengo e danou-se a dançar
Puxou Nego Tõe, começaram sarrar
De beijo de boca, de língua e garganta
E lá se perdeu outra quase que Santa...
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Gleison Nascimento:

Danado foi ver Antonina de Zé.
Mocinha formosa, criada em convento.
Depois de crescida queria um rebento,
saiu se agarrando com homem e mulher...
Mudou-se pro quarto d'algum cabaré,
trabalha fiado... Não sabe cobrar,
só vive escorada na porta dum bar
catando o malandro que mais lhe encanta...
E lá se perdeu outra quase que Santa...
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Jessé Costa:

Mulher quando endoida que sobe seu facho
Não há nesse mundo “consêi” que a suprima
É fogo subindo de ladeira à cima
É água descendo de ladeira à baixo
Neném de Dudé já raspou tanto tacho
Dos machos da feira que vão lhe “ajudar”
Que chega dá pena Dudé vir falar:
“Neném de tão quieta parece uma infanta”
Pois lá nunca foi nem de longe uma Santa...
Tem vaga no céu e ninguém pr’ocupar!

Parceria Internetada, Miúdos de Fevereiro de 2012.

sábado, 24 de março de 2012

Racionando o racional



Racionando o racional
Hoje vê-se a juventude
Seus valores, sem moral
Seus princípios, sem virtude
Se despencam no talude
Da felicidade a jato
Do prazer imediato
Do vulgar, da aparência
Da bestice como essência
Do consumismo insensato!

Querem tão somente status
Parecer é o que importa
Tudo indiferente aos fatos
A involução se aporta
O futuro se entorta
Nessa massa de manobra
Que tudo que a mídia obra
Tal qual moscas varejeiras
Abocanham nas carreiras
E ainda espalham a sobra...

Pelas luzes do glamour
A razão é racionada
Pobre da Belle de Jour
Morreu por não ser “safada”
E a mocidade “arrochada”
Segue se arrochando nesses
E noutros vis interesses
Sem notar que são reféns...
Sem “porquês” e sem “poréns”
Quem não quer um gado desses?!

Belo Jardim, 24/03/2012.

sábado, 17 de março de 2012

Meiguice meiguiçadora



Menina, coisa coisosa
Lindeza quilometrada
Dos quilometro comprido
Que dá volta na estrada
Outro dia, por bestice,
Fui medir tua meiguice
De palmo em palmo contado
Mas nas conta dos milhar
Me perdi no meu contar
Tava todo meiguiçado!

Era tanta da meiguice
Meiguiçando apoteose
Que meu peito quase embarca
Por meiguice em overdose
E derna de desse dia
Tua meiguice judia
Os nervo do meu sistema
E toda minha brabeza
Quando vê tua lindeza
Se mingau-de-cremogema!

Belo Jardim, 17/03/2011.

domingo, 11 de março de 2012

Gostos por Timbaúba



Um gosto de regressar
A minha terra natal
É comer uma bacia
De acerola com sal
Com pai e mãe censurando,
Me dizendo: isso faz mal!

Outro gosto que detenho
Vindo a princesa serrana
É do copo duralex
Chêi de doce de banana
Tome doce e cream-cracker,
Como e nem pisco a pestana!

Mas o gosto que mais gosto
Que chega se extravasa
É o gosto de saber
Que mesmo criando asa
Inda sou cheio de gosto
E gosto daqui de casa!

Timbaúba, 11/03/2012

domingo, 4 de março de 2012

Soneto pra Moça-de-raio-de-sol

RAFAELY foi feita de um raio de sol. Ela foi a própria luz no formato de gente humana. Um facho de claridade 24h diárias. Luz que pipocava do pulsar de um peito-astro-solar, descia pra barriga, dava um nó no umbigo, subia de novo pra garganta e se gargalhava luzindo em formato de sorriso.

Quem conheceu Rafaely, ao perceber, se encantou; que Rafaely foi feita de um raio de sol.

Mas nossa Moça-de-raio-de-sol teve que nos deixar, sendo convocada pelos céus para abrilhantá-lo. E por não saber expressar meu pesar de outra forma, decidi escrever este soneto:




Quando a luz se apagou do teu olhar
E o rubor se esvaiu da tua pele
O meu mundo teimou em não brilhar
O meu “Lindo” perdeu todo seu “L”

E agora do “Lindo” resta o “indo”
Indo inda onde a dor menos martele
Onde a mente, no teu sorrir infindo,
Lembra a tua alegria, Rafaely...

Se a vida pregou-nos essa peça
Ao deixar-te, assim, com tanta pressa
E ao deixar-me esse nó que me sufoca

Tua luz inda vive em minha vida
Fostes cedo, mas não como vencida...
Dorme agora que a dor já não te toca!

Belo Jardim, 04/03/2012.