quarta-feira, 30 de março de 2011

Bloco dos Apaixonados - Áudio

Ouça aqui a poesia Bloco dos apaixonados:

segunda-feira, 28 de março de 2011

O dia em que Zé da Luz voltou do céu

Homenagem ao gigantesco poeta Itabaianense



Lá nos céus do firmamento
Deus chegou em Zé da luz
Disse: Zé, é teu momento
Vás cair dos céus azuis
Vás pra terra regressar
Porém não podes voltar
Novamente em forma humana
Mas qualquer outro modelo
Que quiseres, ai de sê-lo
Pr’outra passagem mundana!

Zé da luz de lá de cima
Regalou os “ói” pra terra
Depois debulhou a rima
Apontou pr’um pé de serra
E ao Divino respondeu:
Pai dos mundo, pai de eu
Tái vênu aquela casinha
De janela avarandada
Lá chêi de prânta prantada
No parapeito todinha!

Pôi ali mora Nitinha
Morena das anca laiga
Lindeza primêra linha
Que minha querença raiga
E derna que aqui cheguei
Meus “ói” dela eu não tirei
Eu vévo a morte intêrinha
Esperanu as hora quéla
Se escancha na janela
Pra dimirá as tardinha!

E se o caso é dêu vortá
Eu num penso duas vêi
Pai celeste espie lá
Na janela quêu falei,
Tu tái vênu aquelas frô
Pôi eu quero, meu sinhô
Ser uma fulô daquela!
Pôi pra não sê Zé da luz
Quero tá entre os cuscuz
De Nitinha na janela!

João Pessoa, 28/03/2011.

Deu errado demais!



Depois da primeira vista
Onde tudo deu errado
Outra chance de conquista
Surge para o conquistado
Na segunda vez que os dois
Trocam abraços e “ois”
Ele monta um argumento
E derrama sobre ela
Numa forma bem singela
Dizendo seu pensamento:

- Moça de brilho ofuscante
Sentada naquela mesa
Não me olhasse um instante
Fazendo por malvadeza
Qu’eu deixasse a gentileza
Para ali lhe perturbar
Pois querendo seu olhar
Acabei sendo insensato;
Moça, juro, eu só fui chato
Pra você me reparar!

Derna então daquela noite
Onde eu só soube teu nome
Que procuro a todo acoite
Saber do teu telefone
Pois moça, vou ser sincero
Derna de lá eu só quero
Saber mais quem é você
Pois beleza como a sua
Nunca avistei na rua
Só apenas na TV!

Mas não pense aqui com isso
Qu’eu esteja aqui mentido
E que nesse reboliço
Queira estar lhe iludindo
Que só quero, dona moça
Branca boneca de louça
Do sorriso encantador
Fazer você consciente
Que daquela noite em frente
Sou seu admirador!

E agora qu’eu já disse
Tudo que tinha a dizer
Tou vendo que tu não visse
Graça no bem querer
E que o teu rosto só passa
O quanto tu tá sem graça
Querendo se enterrar,
Porém não se aperrei
Que o que fiz, desfarei.
É assim, vou lhe explicar...

Mode nós dois evitar
Tua pele avermelhada
Testemunha a delatar
Uma alma envergonhada
Vamos aqui acertar:
Quando a gente se encontrar
Noutra noite inesperada
Façamos o que nos cabe
Você finge que não sabe
E eu que não lhe disse nada!

João Pessoa, 27/03/2011.

terça-feira, 22 de março de 2011

O teu sorriso e a Lua



A lua sumiu do céu
Lá ao longe ela desceu
Logo mais você chegou
Raiando teu apogeu
E eu olhando aqui da rua
Desconfio que a lua
A noite desmereceu
Deixando a pobre tão oca
Pelo céu da tua boca
Pra morar no riso teu!

João Pessoa, 21/03/2011.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Última parada

Mais uma parceria minha com a Poetisa Ágda Moura. Dessa vez escrevendo baseando-se na foto logo mais abaixo, que foi captada por minha pessoa na zona rural de Timbaúba/PE.



Jessé Costa:

É agora, tem que ser
Que o caminho se apartou
É a hora de escolher
Eleger que lado eu vou
Indo as cegas, sem saber
S’esse lado é o que você
Vai tomar ou já tomou.

Ágda Moura:

Pode ir pra qualquer lado
No final é sempre certo
As cegas nos entregamos
Mas o destino é esperto
E desperdício é deixar
A gente não se encontrar
Pois o tão longe é tão perto

Jessé Costa:

S’eu tomar o lado certo
Talvez um dia te alcance
S’eu tomar o lado errado
Talvez não tenha outra chance
Pois s’eu tiver que voltar
Tentando te alcançar
Talvez fadigado eu canse.

Ágda Moura:

Todo caminho é cansado
Procure não procurar
Se um dia for de se ter
O destino nos guardará
E se a gente se perder
Quem sabe um dia vai ser
da gente um dia se achar

Jessé Costa:

Mas eu já estou aqui
Tendo que me decidir
Vou tomar qualquer caminho
Deixando um rastro ao partir
Pois se acaso eu me perder
Quem sabe não é você
Que me encontra ao me seguir.

Ágda Moura:

Eu te sigo vagarosa
Te procuro lentamente
Sem querer, quero teu rastro
Sinto eu tão fortemente
Que na última parada
A gente se acha na estrada
Pra ser feliz bem pra sempre!

Parceria Internetada, 20/03/2011.

domingo, 20 de março de 2011

Matuto quando se muda

Dedicada ao grande amigo Filipe Apolinário



Matuto quando se muda
Não enche mêi caminhão
Na caçamba vão somente
Um fogão com seu bujão
Uma caminha simbólica
Uma antena parabólica
E a velha televisão!

A geladeira Brastemp
Sanguessuga de energia
Um sofá todo surrado
Remendado por Maria
E um mundéu de cacareco
Calcinha, espelho e caneco
Tudo numa só bacia!

Mas quem vê nem desconfia
Que o dono desse quinhão
Leva com essa mudança
Dentro do seu coração!
Um treminhão apinhado
Com sonhos por todo lado
Da vida no novo oitão!

A pouca coisa demais
Do cabedal que detém
Pro matuto pouco importa
Pois pra ele o maior bem
É Maria, sua nega
E o amor dessa burrega
Só mesmo ele é quem tem!

Matuto quando se muda
Não enche mêi caminhão
Mas a F4000
Mesmo assim cepa no chão
Ao sentir o peso bruto
Da bravura que o matuto
Leva no seu coração!

Timbaúba, 19/03/2011.

terça-feira, 15 de março de 2011

A mosca



Eu admiro uma mosca
Criatura mafiosa
Alisando as suas mãos
Ante a carne apetitosa
Como quem diz: é agora
Se a tapa pega me tora
Mas eu como essa gostosa!

UFPB, 15/03/2011.

sábado, 12 de março de 2011

Converseiro pêia



Inventei um dicionário
Pra te elogiar mais bem
Neologismos? Mais de cem!
Um novo vocabulário
De primeza e caprichário
Grandoso e fosforescente
Dos que engrandece a gente
Que deixa o homi viçoso
Mas como sou cabuloso
Entoquei em minha mente

Guardo esse elogiário
Pra oiçar nos seus ouvidos
Distante dos alaridos
Das quermesse, dos rosário
Pois como não sou vigário
Pr’essa nossa conversinha
Eu quero é você sozinha
Que’u sussurro, eu te gabo
Te louvo de cabo a rabo
E te acabo todinha!

Jessé Costa, 06/08/2008

terça-feira, 1 de março de 2011

Passarin que busca essência

Mote visto em música do poeta Zeto:

"Passarinho que busca Essência
No colo virgem da flor."



Você do canto mestiço
Que a voar vive a procura
Duma explicação mais pura
Pro nosso existir postiço
Eu sei bem como é que é isso
Companheiro cantador
Mas no amor e em seu verdor
Me perdi por inocência
Passarin que busca essência
No colo virgem da flor!

Hoje apenas me limito
A admirar você
Que voando ainda crê
No sorrir demais bonito
Olhando lá do infinito
As flores cheias de cor
Sou seu fã nobre cantor
Sou fã da tua insistência
Passarin que busca essência
No colo virgem da flor!

Pois das vezes que pousei
No colo das minhas flores
Quase morro com as dores
Dos espinhos que encontrei
Se curar-me-ei não sei
E nem me acresce supor
Prefiro ser torcedor
Dessa tua diligência
Passarin que busca essência
No colo virgem da flor!

Mas se um dia, lá que seja,
Cansado e desiludido
Desistires já ferido
No sentir que nos caleja
Eu te pago uma cerveja
Pra gente afogar a dor
E o álcool e o desamor
Será nossa dependência
Passarin que busca essência
No colo virgem da flor!

Timbaúba, 20/02/2011.

Sovaqueira do Estopô



Tão bonita, tão formosa
Que dava gosto de olhar
E olhando assim de longe
Eu ficava a imaginar:
S’uma chance ela me desse
Duvido qu'eu não fizesse
Ela se apaixonar!

Foi então que a vi chegar
Com seus dentes de marfim
Se sorrindo a refletir
O momento em que enfim
Aquela moça distante
Se chegava em meu quadrante
Dando a tal chance pra mim!

Onde eu aprendi por fim
A lição mais acertada
Que dizia o Ataulfo:
Laranja em beira de estrada
Se tá madura, é de certo:
Ou tem maribondo perto
Ou deve de tá bichada!

Pois antes mesmo a cantada
Qu’eu ia dizer pra ela
Fiquei murcho, abatido
Com a pele amarela
E sentido a vista fraca
Quase morro na inhaca
Vinda do sovaco dela!

E findando essa querela
Com a venta dada um nó
Enquanto que minha mente
Misturava riso e dó
Eu falei com um tom fraco:
Se fede assim no sovaco
Imagina o fiofó!

Timbaúba, 01/03/2011.