domingo, 31 de agosto de 2008

Brilho da Luz Solar



Na fraqueza, a derradeira;
No Amor, primeira pessoa.
O alento que vento soa
Como que fosse poeira.
Sois a onça feiticeira.
Semidéia de além-mar,
Que faz a terra brilhar.
Mulher, meu olhar suspeita
Qu'assim como a lua, és feita
Do brilho da luz solar!

Da fortaleza as paredes;
Do pescador os anzóis;
Da corda, os pontos de nós
Por onde se puxa a rede.
Sois água que mata a sede,
Que faz o açude sangrar.
Sois cheiro bom de cheirar.
Mulher,que'o mundo, deleita
Assim como a lua, és feita
Do brilho da luz solar!

Sois geradora da vida,
Do romantismo garboso
E do poema amoroso
Que um sentimento valida.
Sois um caminho de ida
Pra quem deseja chegar
No cerne do verbo amar.
Mulher, pelo Olimpo eleita,
Assim como a lua, és feita
Do brilho da luz solar!

Sois bela que amansa a fera,
Sois grito da Multidão,
A musa do artesão
Que esculturas pondera.
Sois chuva que se espera
Pr’um pé de planta florar.
Faz gosto de te gostar!
Mulher, em tudo perfeita,
Assim como a lua, és feita
Do brilho da luz solar!

João Pessoa, 31/08/2008.

domingo, 17 de agosto de 2008

Do chão as Nuvens



Certo dia um pobre cão abandonado
Perambulando solitário pela rua
Olhou pro céu e viu brilhar aquela lua
Que entre as nuvens governava seu reinado
E o pobre bicho; de tristeza, embriagado,
Soltou um uivo que soou em sustenido
E se prostrando ante o chão, desguarnecido,
Em um adeus olhou pro céu mais uma vez,
Fechou os olhos e deixou de ser freguês
Daquela vida que tornou-lhe um falecido

E esse cão dormiu um sono tão comprido
Que acordou-se transvertido em estrela
Que com a lua ilumina uma centelha
Das ditas noites que acalantam os vencidos.
Vendo que tudo que passou tinha valido
Hoje irradia alegria em ser um astro
E pr’outros cães é um suporte, um forte mastro
Pra quem se sente mais um lixo abandonado.
Paquera as nuvens e por elas é beijado
Num movimento para o qual se faz um lastro

João Pessoa, 17/08/2008.

sábado, 2 de agosto de 2008

Varejo & Atacado

Quando a carência aperta o peito
É quando bate a falta de um ninho
De um chamego, um abraço, um carinho
Duma pareia que esquente seu leito
E sendo assim não importa os defeitos
Se o sentimento é bem graduado
Com coração que é bom de farejo
Só paquerar pode ser no varejo
Mas pra amar tem que ser no atacado


Certos momentos ficam na lembrança
Como um prêmio por uma vitória
Feito a cabocla que para e lhe olha
Com um sorriso que a raiva balança
E a piscadela na pista de dança
O bilhetinho recém rabiscado
De guardanapo, contendo o recado
Que se arremata na forma de beijo
Só paquerar pode ser no varejo
Mas pra amar tem que ser no atacado


E alguém me diga se estou perjurando
Ou se falei alguma babaquice
Pois esse mundo tá cheio de “missi”
E inda assim sai homem se pegando
Justo por isso tem mulher sobrando
E me ensinaram quando educado
Que estragar comida é pecado
E é por isso que como as que vejo
Pois paquerar pode ser no varejo
Mas pra amar tem que ser no atacado

(Jessé Costa)